segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Artrodese de tornozelo
Quem sofre fratura grave do tálus corre o risco de se submeter à artrodese. Um procedimento que implica na união dos ossos do tornozelo especialmente nos casos de necrose ou artrose pós traumática. Isso para evitar dores e/ou afundamento do osso devido à sua morte.
Muitos pacientes têm receio de se submeter a este tipo de cirurgia devido às limitações que a mesma pode causar. Alguns médicos falam que a vida depois da artrodese é melhor. Mas para esclarecermos algumas dúvidas, entrevistei a V.S., que se submeteu à artrodese de dois tornozelos e se diz doutora no assunto! Infelizmente, ou não, não consegui encontrar ninguém que fez artrodese devido à fratura de tálus para entrevista. Mas pelo menos poderemos ter uma idéia de como é a vida para quem se submete a tal procedimento:
QOP: Porque você teve que fazer artrodese?
V.S.: Tenho Artrite Reumatóide Juvenil (inflamação nas articulações, doença degenerativa deformante e auto imune) há 12 anos.
Justamente por ser uma doença deformante, meus tornozelos foram os mais afetados, fui perdendo o movimento aos poucos, e o espaço da articulação diminuindo (sinovite com artrose). A dor já estava insuportável; a fusão do tornozelo aconteceria naturalmente com o passar dos anos, eu só acelerei o processo por causa das dores intensas que me impediam de andar.
QOP: Como foi a cirurgia?
V.S.: Fiz a primeira cirurgia do tornozelo direito (o mais dolorido) em setembro 2009.
Foi uma MARAVILHA. Acordei com dores suportáveis, fiquei muito bem no pós operatório.
Já a segunda cirurgia, do tornozelo esquerdo foi realizada em junho de 2010. Acordei com muitas dores, tomando morfina, tramal e nada tirava a dor... Além disso o meu pé ficou equino, e tive que reoperar. Então em setembro de 2010 fiz osteotomia do tornozelo esquerdo para consertar.
QOP - Como foi a recuperação? Teve que usar aqueles parafusos externos? Gesso?
V.S.: Com relação à primeira cirurgia, hoje estou bem. A artrodese como você sabe, cola o tornozelo definitivamente, então, não mexo nada!
Não dói mais, não sinto nada de ruim. Uso dois parafusos e uma haste internos, que ficarão pra sempre comigo.
Usei gesso por quase um mês. A recuperação foi lenta e eu tinha muito medo de andar, de forçar...então demorei 3 meses pra pisar e uns 7 meses pra andar sem dor.
Com relação à segunda cirurgia, depois de reoperar, fiquei com o gesso por uns 4 dias e depois passei a usar Robofoot.
Estou há pouco mais de 1 mês operada, não to conseguindo pisar bem, mas acho que estou evoluindo bem. Em todas as cirurgias, cortes grandes, doloridos e cicatrizes muito feias.
QOP: Você fez fisioterapia?
Não fiz fisioterapia. O médico disse que não precisaria, porque a fisioterapia na verdade é ANDAR. Conversei com uma fisioterapeuta, e como artrodese COLA os tornozelos, a fisio só tem a função de ajudar na marcha, já que não tem movimento para recuperar.
QOP: Quais são suas limitações?
V.S.: Não posso responder, porque não pude ter uma vida normal desde a primeira cirurgia. ( recuperação lenta e várias cirurgias emendadas). Mas sou ciente que não serei uma boa caminhante. Não poderei andar MUITO, pois tenho artrodese nos DOIS tornozelos. Isso atrapalha na marcha e sobrecarrega os joelhos.
Não fico na ponta dos pés, não poderei usar salto, correr também será difícil, talvez impossível.
QOP: Quais foram os benefícios da artrodese?
V.S.: NÃO SENTIR MAIS DORES e conseguir andar. Já que não tenho mais articulação, também não terei ARTRITE.
Eu realmente não vou mentir, tenho muito medo de ficar manca. Mas quando eu tinha só o tornozelo direito operado, não mancava. Então, no caso de operar apenas um tornozelo, não vejo grandes problemas.
QOP: Você tem alguma recomendação para dar para os leitores do QOP?
V.S.: Sim. Manter-se no peso correto. O sobrepeso pra quem tem problemas no tornozelo é um dos maiores fatores de PIORA. Eu cheguei a ficar obesa, mas entre uma cirurgia e outra, também fiz redução do estômago!
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