sábado, 28 de novembro de 2009

Você conhece Cristal?


Uma coisa que eu não posso reclamar durante essa minha estadia em casa é o recebimento de visitas. Recebo em média 4 ou 5 visitas por semana, algumas recorrentes, e é sempre muito bom. Surpreendente, até!
Mais surpreendente ainda foi perceber o sucesso que faz o quadro de fotos que tem no meu quarto. Ele é sempre motivo de observações, e acho que vou até dar uma renovada, pois as fotos andam meio desatualizadas.

Certo dia, uma colega do trabalho esteve aqui:
ela: ué, vc conhece Cristal???
eu: minha melhor amiga!
ela: pooo, ela é amigona da minha irmã!
A minha colega é irmã de uma colega de Cristal do Vieira.

Dias depois, um amigo:
- eu conheço essa menina!
- Cristal?
- é, ela era do Vieira!
- aimeudeus, esse mundo anda pequeno demais!
Ele foi colega de Cris do Vieira, e também da irmã da minha colega, que foi colega de Cristal do Vieira.
Cris falou que não é o mundo que é pequeno, mas sim o Vieira que é grande demais.
Eu não estudei no Vieira :/

sábado, 21 de novembro de 2009

Campeonato de Muletas


Ir pra o curso esse mês foi uma excelente experiência. Além de voltar o contato com os meus colegas e não perder os conhecimentos a serem adquiridos, percebi que fiquei muito mais quieta do que fico quando estou em casa. Era obrigada a ficar oito horas com os pés pra cima prestando atenção nas aulas.
Sabe aqueles professores que entendem de tudo? É o meu. No final da aula:
- Professor, quais dispositivos a gente pode usar nos casos de recidiva pós-contenção?
- Ah, você pode fazer um set up ortodôntico no modelo e fazer uma moldeira para o paciente usar. Aí os dentes voltam à posição da finalização.
- Humm... Professor, e o senhor entende de altura de muletas? Porque eu acho que as minhas estão baixas.
- Ah, você tem que regulá-las de acordo com a altura do seu cotovelo! Me dê aqui que eu ajusto... Veja aí!
- Ah, tá bom!
- Agora ande!
Eu andei.
- Não é assim que anda. Você tem que dar passos largos! Assim, ó:
Ele pegou as muletas e começou a andar.
- Ande aí!
Realmente, da maneira que ele ensinou era muito menos trabalhoso e mais rápido!
- Isso! Mês que vem vamos fazer um campeonato de muletas aqui!
- E quem é que vai competir comigo?
- Não seja por isso que a gente quebra a perna de um agora, rs!

Radiolucidez


- Dra, vou perder meu dente? - pergunta o meu paciente
- Imagina! Aqui basta fazer o canal, e colocar uma prótese e você cuidar direitinho dele depois. Não vai perder o dente não.

Tudo parece muito simples quando você é o profissional. Mas quando é o paciente, e ainda por cima da área de saúde você fica cheio de noias na cabeça.
Na terça-feira passada voltei ao hospital para tirar os pontos, fazer um Rx e colocar novamente a imobilização. Esperar o Rx ficar pronto me deixou angustiada.
- Senhora Monalisa! Pode entrar.
- [aimeudeus, a hora é agora - pensei]
O médico, com o Rx em mãos dissse:
- Monalisa, você caiu em um terreno desnivelado, não foi?
- Foi. [pronto que fraturas de pessoas que caem em terrenos desnivelados conferem o pior prognóstico - pensei com o coração batendo forte]
E de repente eu ví uma zona escurecida ao redor do parafuso na radiografia:
- [é necrose - pensei]
- Está muito boa a sua recuperação, viu? Prova de que você não está colocando os pés no chão e nem que entrou ladrão na sua casa novamente, rs.
- E essa zona radiolúcida aí?
O outro médico que estava analisando o exame com ele me olhou com cara de "como é que ela sabe que o nome é radiolúcido?"
- Onde?
- Alí, ao redor do parafuso!
- Aqui? Ah, isso é normal, corresponde à área de fratura.
- Mas vai condensar, né doutor?
- Vai sim! Daqui há quinze dias a gente tira outro Rx pra analisar a evolução.
- Ai, graças a Deus!

Quando a gente é paciente o medo de não ficar bom faz com que a gente ache que a natureza vai fazer uma verdadeira revolução dentro de nós, agindo contra todos os seus princípios.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Conversa de Sala de Gesso



Uma coisa é notória nesse estado de ficar de molho em casa. Quando eu saio na rua fico que nem pinto no lixo. Converso que é uma beleza!
Ontem eu fui ao hospital tirar os pontos e colocar nova imobilização:
- Grande Flávio! Esse é o homem do gesso!
- E aí, Monalisa?
- Beleza, né? Tem que ser... Hoje Dr. Marcelo me deu parabéns porque estou me comportando bem. Como eu não iria me comportar?
- Ah, tem gente que molha o gesso, coloca o pé no chão...
- É mesmo????
- Claro, tem gente de todo tipo no mundo.
- Sabe Ellen da novela das 8?
- É que eu não assisto novela.
- Danielle Suzuki, rapaz!
- Hum.
- Pois ela quebrou o dedo do pé, e tá gravando de muletas!
- É mesmo?
- É! E sabe Fabiano da novela das sete?
- Um que se veste de mulher?
- Siiiiiiim! Ele quebrou a clavícula, operou, colocou pino e placa e está imobilizado!
- É mesmo, ele está com uma tipóia. Não sabia não...
- É, ele foi atropelado. Vi no programa de Ana Maria Braga!

Brócolis - parte 2


Todos os dias antes de dormir eu tomo Sustagem. Tenho que me alimentar direitinho pra ficar fortinha e meu osso poder condensar.
- Filha, quer alguma coisa? Tem salada de frutas!
- Tá na hora do Sustagem!
- Todo dia você toma isso! Descansa um pouco! Toma uma salada de frutas!
- Ok, você venceu, salada de frutas. Mas acrescenta Sustagem na salada de frutas. Porque o que importa mesmo são as vitaminas e os sais minerais!

Tudo bem que salada de fruta é um alimento rico, mas não tem rótulo. Eu sou bem sugestionável aos miligramas de vitaminas por colherada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pode me chamar


"Pode me chamar que eu vou....eu vou
Quando me quiser eu vou.....olha que eu vou, eu já tô ai

Sem muita coisa pra levar
Sem quase nada pra fazer
Sem muita coisa pra dizer
e pra começar...

Pode me chamar que eu vou....eu vou
Quando me quiser eu vou.....olha que eu vou, eu já tô ai

Você vai cair na festa
Você vai cair na festa
Você vai cair na festa com toda alegria que poder levar
Você vai cair na festa com todos os planos por todo lugar"

Plano para o final de semana: ir pro show de Eddie na Boomerangue.
Tava sonhando com esse show à meses, e agora que ele vai rolar... pé engessado :/
Vira e mexe eu penso que vou, que eu não posso me limitar por causa do pé, mas depois acho que é melhor ficar de molho, afinal, me aventurar nas escadarias da Boo seria arriscado.
Um amigo meu diz:
- ah, esses caras vêem todo dia pra Salvador!
Mentira! A última vez que teve show foi em agosto...

O problema é que o refrão "você vai cair na festa" me deixou impressionada.

Muletas e Dedão


A coisa mais chata de ficar em casa de pé pra cima é a dependência.
- Mãe, quero tomar banho!
- Mãe, tou com fome!
- Pai, compra remédio pra mim, toma aquí o dinheiro - pelo menos o dinheiro eu ainda dou.

Ninguém merece.
Quebrar o pé é um exercício de paciência, e de superação também.
Quando cheguei em casa, não conseguia andar de muletas. Eu precisava de ajuda pra qualquer coisa.
O meu dedão não se movimentava, porquê a região da lesão é justamente por onde passam uns ligamentos que o mexem. Hoje eu já faço vários movimentos com ele... é massa!

Ah, e eu já consigo andar de muletas!!!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Brócolis


Fui ao ortopedista hoje.
Troquei o curativo e engessei novamente o pé. Mais quinze dias.
- Dr. Marcelo, posso trabalhar?
- Claro que não!
- Eu trabalho sentada!
- Vai trabalhar sentada, aí daquí há pouco vai querer andar, correr, pular... Não.
- Mas... eu...
- Não.

Me sentí uma criança querendo comer brócolis. Uma criança com intolerância à brócolis.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pererê


Estou insuportável.
Desde que cheguei em casa são telefonemas, flores, chocolates, sanduíche do mcdonald's, revistas, dvds, lembrancinhas, beijinhos e apelidinhos carinhosos que estão me deixando mal acostumada.

A minha vida tem sido receber visitas, ler, comer, assistir filmes, tv e tomar remédio.
O meu criado-mudo virou uma bagunça de livros, telefone, controles-remoto, copo d'água, Dipirona, Tylex e Celebra.

E antes que venham me dizer que eu estou numa boa... Não, não estou, obrigada.

back home


No dia seguinte, mais um coquetel de analgésico, antibiótico e antiinflamatório.
Eu estava tensa, morrendo de medo de sentir aquele mal estar novamente.
O residente pegou na minha mão, que estava gelada e suada, mas era de medo... não de paixão.

Recebí alta e voltei pra casa alegre e saltitante por dentro.

Meu pai alugou muletas, tentei andar mas não conseguí não. Além de meu pé doer quando coloco-o a favor da gravidade, ainda não desenvolví coordenação motora pra andar com dois braços e uma perna.