domingo, 25 de outubro de 2009

Freud explica.


- ah, que bom que é você a mãe de Vitória! - disse eu.
- já eu não posso dizer o mesmo. Preferia que não tivesse sido você.

Deitei na cama da companheira do menino gordinho, e a vendedora de pastel começou a limpar meus ferimentos.
Me sentí num divã, e comecei a ordenar meus pensamentos como se eu estivesse de frente pra minha analista.

Eu havia sido assaltada à um ano num microônibus quando voltava do trabalho. Me assustei quando ví o bandido armado no fundo do ônibus, mas respirei fundo e comecei a arquitetar a melhor hora pra escapar daquele lugar, como se fosse possível adivinhar as reações do bandido. Se eu tivesse agido impulsivamente, talvez tivesse escapado na hora em que o primeiro passageiro saiu, mas preferí aguardar. Quando o ônibus se aproximou do ponto seguinte, eu levantei e pedí ao motorista pra parar, bem discretamente. Mas o meliante percebeu e deu a voz de assalto.
Que droga! Se eu tivesse agido rápido, teria escapado.

Gravei no meu inconsciente ou subconsciente, não sei, que nessas situações eu deveria agir impulsivamente.

Fiz da vendedora de pastel a minha analista, e comecei a chorar.
Não tem coisa pior que sentimento de culpa.

Um comentário:

Cristal disse...

Sentimento de culpa é pior que carão de mãe... Mas aprendeu né? Nessas horas tudo, MENOS agir impulsivamente.